sábado, 4 de maio de 2013

Deus Inicia o Dom do Amor (Parte II)


No artigo anterior falávamos que uma das razões pela qual Deus deu ao homem (sexo masculino) tamanho desejo pela mulher e a ânsia de conquistá-la, deve-se ao fato de que isso é um reflexo do próprio desejo que Deus manifesta por nós. Ou seja, assim como o desejo do homem de ir em busca do sexo oposto é, geralmente, mais forte do que o da mulher, da mesma forma o desejo de Deus de estar em comunhão com cada um de nós (homens ou mulheres) é mais forte que o nosso de estar em comunhão com Ele. Em outras palavras, Deus é quem toma a iniciativa de um relacionamento conosco. Ele é quem propõe seu amor a nós. Ele é quem se oferece inteiramente por sua Esposa (a Igreja), a fim de que ela tenha vida através Dele. A Escritura nos diz que “Ele é quem nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Portanto, é Ele quem inicia o dom do amor.
A partir dessa conclusão podemos entender então, através de um princípio analógico já descrito anteriormente, que o homem (sexo masculino), sendo criado à imagem e semelhança de Deus, é chamado de um modo único a iniciar o dom do amor e ir em busca da mulher com sinceridade de coração. Porém, se os homens forem honestos consigo mesmos, se darão conta de como são falhos ao realizar essa tarefa. Ou seja, normalmente todos os homens falham, de alguma maneira, ao tentarem viver de acordo com a verdade que existe em si mesmos. O nível dessa falha está justamente em não ir ao encontro da mulher da maneira apropriada designada pelo Criador. Aprendemos, por exemplo, na Bíblia, que Tobias tomou sua esposa com sinceridade de coração, ou seja, com um amor puro e sincero. Ao passo que, muitos homens buscam as mulheres apenas com o objetivo de satisfazer a gratificação de sua própria luxúria. Isso torna-se mais agravante ainda se levarmos em conta as palavras do Cântico dos Cânticos onde a mulher se revela como “um jardim fechado”, onde somente ela tem a liberdade de confiar ao homem as “chaves” desse lugar. Nas palavras de João Paulo II, a mulher é “mestra de seu próprio mistério”. Isso significa que nenhum homem deveria manipular uma mulher para simplesmente buscar satisfazer seus desejos sexuais, ou induzi-la ou convencê-la a entregar-lhe as “chaves” de seu mistério.
Na busca dessa manipulação, muitos homens jogam com o lado mais sensível feminino: a emoção. Muitas vezes, o homem a faz sentir-se culpada se ela não satisfaz seus desejos. Ou ainda, tenta a sedução através do afeto físico com a esperança de que ela queira partilhar seu desejo. Isso acontece com frequência, de uma maneira ou de outra, até mesmo chegar aos casos extremos do abuso físico-sexual. Mas isso não significa que as mulheres são sempre vítimas nisso tudo. Mulheres também sabem “jogar” muito bem, no sentido de que elas também sabem manipular os homens para atingir suas gratificação sociais, emocionais ou físicas. Porém, todo esse “jogo” que acontece entre os sexos é consequência do pecado presente em todos nós. No fundo de tudo isso, no coração de toda mulher e de todo homem, sabemos que todos fomos criados para um tipo de amor que supera todas essas mazelas humanas causadas pelo pecado em nós.
Há muitos motivos que poderíamos enumerar aqui que atrapalham o homem de realizar uma doação sincera e total de si mesmo ao sexo oposto. Alguns homens lutam contra a tendência de serem agressivos ou manipuladores no trato com as mulheres, outros sofrem por serem tão passivos em relação a elas. Outros ainda estão tão presos à pornografia que não sabem nem como se relacionar com as mulheres – diga-se de passagem que a pornografia hoje é uma das principais causas que levam muitos a um comportamento moral sexual totalmente desordenado. Outros ainda, têm medo de assumir um compromisso sério, por isso encontram consolo numa vida de indecisão (passividade). O medo, na verdade, está sempre presente nos relacionamentos humanos, e ele, no fundo, reflete a insegurança da auto entrega a Deus. Um rapaz, por exemplo, às vésperas da ordenação sacerdotal pode sentir a mesma apreensão que um outro às vésperas do casamento. Ou seja, compromisso requer um total dom de si mesmo, e isso não acontece naturalmente, principalmente para os homens. É preciso então um “aprendizado”, que consiste basicamente em deixar de lado a passividade e buscar realizar o dom de si mesmo aos outros, principalmente ao Outro por excelência (Deus) e ao outro do sexo oposto (mulher). Isso requer que o homem deixe de lado o medo e a tendência de pensar somente em si (egoísmo) e inicie o dom de si mesmo nos seus relacionamentos, no namoro, no casamento e na prática das virtudes.
No fundo, os desejos que o homem sente não são o problema. Ele deve permitir que Deus vá transformando sua vontade e o seu coração. Se ele tiver a coragem de fazer isso, seus desejos o impulsionarão não ao pecado, mas aos céus. Porque ao iniciar o dom do amor sincero e total, ele pode tornar visível o amor invisível de Deus, porque Deus o amou primeiro. É Ele quem inicia o dom do amor.

Pe. Idamor da Mota Júnior

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