quinta-feira, 23 de maio de 2013

Teologia do Corpo - O Dom Divino nos Sacramentos


Os quatro Evangelhos nos dão testemunho claro e preciso da verdade incontestável e imutável de que Deus nos ama. E Jesus em sua vida pública repete de várias maneiras essa mesma afirmação que encontramos claramente na Epístola de São João: “Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus e Deus nele” (1 Jo 4,16). Daí podermos dizer que Deus está sempre do nosso lado e nunca contra nós. Por causa desse amor, Deus está sempre nos oferecendo a oportunidade do banquete verdadeiro onde cada homem e mulher é convidado a participar do mesmo. O problema é, como já disse em outra oportunidade, que o homem decaído não acredita mais no verdadeiro dom do banquete que Deus tem preparado para ele, mas contenta-se apenas com o lixo. Por isso, Deus exige apenas que paremos de nos alimentar de lixo e aceitemos o seu convite para participar do banquete da vida que ele nos oferece.
Na sociedade moderna há duas tendências fortes, extremistas e antagônicas, quando diz respeito ao conceito de Deus. Todos nós cristãos aprendemos que Deus é bondoso, amoroso e misericordioso. Por causa disso, alguns têm o conceito errôneo de que podem fazer o que quiserem por conta dessa misericórdia, esquecendo-se porém da Sua justiça que nunca falha. Por outro lado, temos aqueles que têm um conceito errôneo da justiça divina, e por causa disso vêem Deus como um tirano que nos trata como escravos, que está pronto a nos condenar. O problema todo reside no fato da imagem que nos apresentam de Deus e de como nos relacionamos com Ele em nossa vida.
Por isso, a melhor maneira de conhecermos Deus é através do seu Filho Jesus, simplesmente porque a sua vida foi um testemunho da presença do Pai entre os homens. Cristo veio para mostrar aos homens que Deus os ama. A vida de Cristo é um verdadeiro dom desse mesmo amor. A prova disso: “Isto é o meu corpo que é dado por vós” (Lc 22,19). Deus não quer privar ninguém de sua liberdade e nem de sua vida. A prova disso: Ele derramou seu próprio sangue para que este nos desse vida, e vida em abundância (cf. Jo 10,10). Deus não é um tirano e nem nos trata como escravos. A prova disso: Ele assumiu a forma de escravo (cf. Fl 2,7). Deus nunca pensou em nos açoitar e nem castigar. A prova disso: Ele deixou-se açoitar por cada um de nós. Em suma, Ele não veio para condenar, mas para salvar (cf. Jo 3,17); não veio para escravizar, mas para libertar (Gl 5,1). Ele espera apenas que deixemos de lado nossa incredulidade e passe a crer Nele e na Boa Nova trazida pelo Filho.
Tudo isso, para dizer que a nossa humanidade precisa abrir-se à graça divina constantemente para que sejamos vivificados pela redenção oferecida por Cristo. É através dessa graça infundida em nós pelo Espírito Santo é que somos transformados e orientados para tudo aquilo que é autenticamente bom e belo.
Mas a pergunta que poderíamos fazer aqui é: “onde podemos encontrar toda essa graça da redenção”? A resposta é simples: em primeiro lugar, na vida sacramental da Igreja. Veja que os sacramentos foram instituídos por Cristo na sua Igreja não como meros rituais religiosos. Mas como diz João Paulo II, eles “injetam santidade no plano humano do homem: penetram a alma e o corpo, nossa feminilidade e masculinidade [...] com poder da santidade”. Isso quer dizer que os sacramentos são essa riqueza espiritual que encontramos na Igreja e que fazem com que o próprio Cristo, através de sua morte e ressurreição, venha habitar em nós mesmos e ser uma realidade viva em nossas vidas. Através dos sacramentos abrimos uma porta de intimidade com Deus muito maior que podemos imaginar; e por isso diz Santo Agostinho: “Deus é mais íntimo a nós que nós mesmos”.
Enfim, há muitos tratados extensos sobre os sacramentos que nos ajudam a entendê-los ainda mais profundamente, mas nada se compara ao fato de podermos vivenciá-los no dia-a-dia, de sentir exatamente quais são os efeitos da graça divina que eles infundem em nós. Mas infelizmente há ainda muitos cristãos que não entendem o poder dos sacramentos. É como se Deus tivesse depositado trilhões de reais na conta bancária de cada um, mas são poucos os que estão cientes disso e uma grande maioria parece usar somente uns poucos centavos desse valor.
São Paulo nos diz que o “amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5). Nos sacramentos é esse mesmo amor que é derramado por completo em nossos corações. Por isso, se quisermos amadurecer como homens e mulheres autênticos é preciso que saibamos aproveitar esse dom.
Pe. Idamor da Mota Jr. 

sábado, 4 de maio de 2013

Deus Inicia o Dom do Amor (Parte II)


No artigo anterior falávamos que uma das razões pela qual Deus deu ao homem (sexo masculino) tamanho desejo pela mulher e a ânsia de conquistá-la, deve-se ao fato de que isso é um reflexo do próprio desejo que Deus manifesta por nós. Ou seja, assim como o desejo do homem de ir em busca do sexo oposto é, geralmente, mais forte do que o da mulher, da mesma forma o desejo de Deus de estar em comunhão com cada um de nós (homens ou mulheres) é mais forte que o nosso de estar em comunhão com Ele. Em outras palavras, Deus é quem toma a iniciativa de um relacionamento conosco. Ele é quem propõe seu amor a nós. Ele é quem se oferece inteiramente por sua Esposa (a Igreja), a fim de que ela tenha vida através Dele. A Escritura nos diz que “Ele é quem nos amou primeiro” (1Jo 4,19). Portanto, é Ele quem inicia o dom do amor.
A partir dessa conclusão podemos entender então, através de um princípio analógico já descrito anteriormente, que o homem (sexo masculino), sendo criado à imagem e semelhança de Deus, é chamado de um modo único a iniciar o dom do amor e ir em busca da mulher com sinceridade de coração. Porém, se os homens forem honestos consigo mesmos, se darão conta de como são falhos ao realizar essa tarefa. Ou seja, normalmente todos os homens falham, de alguma maneira, ao tentarem viver de acordo com a verdade que existe em si mesmos. O nível dessa falha está justamente em não ir ao encontro da mulher da maneira apropriada designada pelo Criador. Aprendemos, por exemplo, na Bíblia, que Tobias tomou sua esposa com sinceridade de coração, ou seja, com um amor puro e sincero. Ao passo que, muitos homens buscam as mulheres apenas com o objetivo de satisfazer a gratificação de sua própria luxúria. Isso torna-se mais agravante ainda se levarmos em conta as palavras do Cântico dos Cânticos onde a mulher se revela como “um jardim fechado”, onde somente ela tem a liberdade de confiar ao homem as “chaves” desse lugar. Nas palavras de João Paulo II, a mulher é “mestra de seu próprio mistério”. Isso significa que nenhum homem deveria manipular uma mulher para simplesmente buscar satisfazer seus desejos sexuais, ou induzi-la ou convencê-la a entregar-lhe as “chaves” de seu mistério.
Na busca dessa manipulação, muitos homens jogam com o lado mais sensível feminino: a emoção. Muitas vezes, o homem a faz sentir-se culpada se ela não satisfaz seus desejos. Ou ainda, tenta a sedução através do afeto físico com a esperança de que ela queira partilhar seu desejo. Isso acontece com frequência, de uma maneira ou de outra, até mesmo chegar aos casos extremos do abuso físico-sexual. Mas isso não significa que as mulheres são sempre vítimas nisso tudo. Mulheres também sabem “jogar” muito bem, no sentido de que elas também sabem manipular os homens para atingir suas gratificação sociais, emocionais ou físicas. Porém, todo esse “jogo” que acontece entre os sexos é consequência do pecado presente em todos nós. No fundo de tudo isso, no coração de toda mulher e de todo homem, sabemos que todos fomos criados para um tipo de amor que supera todas essas mazelas humanas causadas pelo pecado em nós.
Há muitos motivos que poderíamos enumerar aqui que atrapalham o homem de realizar uma doação sincera e total de si mesmo ao sexo oposto. Alguns homens lutam contra a tendência de serem agressivos ou manipuladores no trato com as mulheres, outros sofrem por serem tão passivos em relação a elas. Outros ainda estão tão presos à pornografia que não sabem nem como se relacionar com as mulheres – diga-se de passagem que a pornografia hoje é uma das principais causas que levam muitos a um comportamento moral sexual totalmente desordenado. Outros ainda, têm medo de assumir um compromisso sério, por isso encontram consolo numa vida de indecisão (passividade). O medo, na verdade, está sempre presente nos relacionamentos humanos, e ele, no fundo, reflete a insegurança da auto entrega a Deus. Um rapaz, por exemplo, às vésperas da ordenação sacerdotal pode sentir a mesma apreensão que um outro às vésperas do casamento. Ou seja, compromisso requer um total dom de si mesmo, e isso não acontece naturalmente, principalmente para os homens. É preciso então um “aprendizado”, que consiste basicamente em deixar de lado a passividade e buscar realizar o dom de si mesmo aos outros, principalmente ao Outro por excelência (Deus) e ao outro do sexo oposto (mulher). Isso requer que o homem deixe de lado o medo e a tendência de pensar somente em si (egoísmo) e inicie o dom de si mesmo nos seus relacionamentos, no namoro, no casamento e na prática das virtudes.
No fundo, os desejos que o homem sente não são o problema. Ele deve permitir que Deus vá transformando sua vontade e o seu coração. Se ele tiver a coragem de fazer isso, seus desejos o impulsionarão não ao pecado, mas aos céus. Porque ao iniciar o dom do amor sincero e total, ele pode tornar visível o amor invisível de Deus, porque Deus o amou primeiro. É Ele quem inicia o dom do amor.

Pe. Idamor da Mota Júnior

Deus Inicia o Dom do Amor


Retomando a série sobre a masculinidade que já iniciei em outros artigos, hoje proponho que imaginemos a seguinte cena: um rapaz está namorando uma jovem que o convida para um jantar num restaurante à beira de uma bela praia sob a brisa do mar. Após o jantar, ela começa a falar o quanto ele significa para ela e como ela deseja passar o resto de sua vida com ele. Olhando profundamente nos seus olhos, ela apanha de sua bolsa uma pequena caixa contendo uma aliança. Ela então ajoelha-se diante dele, abre a pequena caixa mostrando a aliança e o pede para ser seu esposo.
Independente do sentimento que esse personagem (rapaz) tenha por essa moça, imaginar essa cena parece um tanto perturbadora e no mínimo estranha. A pergunta que alguém faria aqui é: “não seria papel do rapaz pedi-la em casamento?”
Embora a maioria das pessoas hoje coloca-se a favor da igualdade entre os sexos, por que parece romântico para o homem ajoelhar-se e pedir a mulher em casamento? Por que ao imaginarmos uma mulher fazendo isso parece tão estranho? Alguém poderia afirmar que isso acontece devido a condicionamentos sociais. Mas eu argumentaria que há algo muito mais profundo nisso tudo. O homem inicia o dom do amor simplesmente porque ele é homem e não porque a sociedade o orienta a fazê-lo. Iniciar o dom do amor não é algo que ele deve fazer, mas é parte do que ele é. Assim, de antemão, podemos entender que a iniciativa do amor é uma característica essencialmente masculina. Se levarmos em conta a própria anatomia humana, fica óbvio que o homem é que inicia o dom de si mesmo em relação a mulher. Ela é quem o recebe. Mas não entenda-se aqui que o papel feminino é algo passivo, mas ela é ativamente receptiva, pois ela deseja receber e retribuir o dom do amor.
Vale a pena lembrar aqui novamente que fomos criados à imagem e semelhança de Deus, o que significa que, no abismo entre nós e a divindade, há sempre uma analogia possível. Desse modo, podemos entender melhor essa iniciativa de amor por parte do homem em relação à mulher se olharmos para o mistério de amor entre as Pessoas da Santíssima Trindade. Nessa relação de amor o Pai é quem doa tudo o que tem ao Filho. Ele é quem inicia o dom amor. O Filho por sua vez é quem recebe tudo do Pai; porém não se trata de uma receptividade passiva, pois tudo o que Ele recebe ele doa de volta ao Pai. E essa reciprocidade de amor é tão intensa que dá origem a uma terceira pessoa: o Espírito Santo.
Essa reflexão aqui mencionada não quer dizer que há algo de ‘sexual’ em Deus. Não. De maneira alguma. Mas ao criar o homem e a mulher, Deus os criou com a possibilidade de expressarem em sua humanidade e em seus corpos um pouco da beleza desse amor divino. E através da união de amor entre um homem e uma mulher Deus torna visível Seu plano de amor para ambos.
Dito isto, podemos perguntar então por que os homens são tão fascinados pela beleza feminina? Ou por que os homens possuem um profundo desejo de unir-se ao que é belo? Alguém já deve ter se perguntado “por que Senhor tu me criaste com todos esses desejos?” A verdade é que, Deus colocou esses desejos dentro de cada homem por alguma razão. E a razão disso tudo é que esses desejos são na verdade a procura em cada homem por aquilo que será o mais profundo deleite dos olhos e o mais profundo desejo da alma: contemplar a beleza de Deus face-a-face. Até que aquele dia chegue, as mulheres são a prefiguração da própria beleza do céu. Daí porque os homens as acharem tão fascinantes.
As Escrituras nos ajudam a entender ainda mais esse mistério de amor principalmente se tomarmos como referência o Cântico dos Cânticos e o livro de Tobias. Esses livros nos revelam, principalmente, o plano de Deus para a sexualidade masculina. Eles deixam claro que Deus não quer acabar com a masculinidade e nem extinguir os desejos, mas sim integrá-los com o amor-doação. Quando um homem ama uma mulher verdadeiramente ele não deixa de ser fascinado por ela e nem tampouco perde o desejo sexual. Pelo contrário, ele busca integrar o desejo por ela com o desejo de fazer o que é melhor para ela. Em outras palavras, ele une o desejo (amor eros) com o amor-doação (amor agápico).
Uma das razões pela qual Deus deu ao homem tamanho desejo pela mulher e a ânsia de conquistá-la deve-se ao fato de que isso é um reflexo do próprio desejo que Deus manifesta por nós. Assim como o desejo do homem é geralmente mais forte do que o da mulher, da mesma forma o desejo de Deus de unir-se a todos nós é mais forte que o nosso por Ele. Deus é quem toma a iniciativa de um relacionamento conosco, e é Ele quem propõe seu amor a nós. Ele é quem oferece seu corpo por sua Esposa (Igreja), a fim de que ela tenha vida através Dele. Como nos diz a Escritura, “Ele é quem nos amou primeiro” (1Jo 4,19). É Ele quem inicia o dom do amor.

Pe. Idamor da Mota Júnior

Força para Servir e Sacrificar-se (Parte II)


No artigo anterior falávamos que a força física natural masculina é apenas um sinal de uma força interior que está baseada na vivência de várias virtudes, sendo que a maior delas é a capacidade de fazer sacrifícios pelo bem do outro, principalmente a capacidade de doar-se totalmente pelo sexo oposto. Não é por acaso que os contos de fada sempre ilustram a imagem de um cavaleiro valente e corajoso que mostra seu valor ao salvar e resgatar uma princesa que se encontra aprisionada numa torre ou correndo grande perigo. É justamente essa capacidade de autodoação através de atributos tipicamente masculinos como a coragem e a bravura é que percebemos a força interior inerente ao sexo masculino. Contudo, essa força interior tem outras aplicações e finalidades que estão além de um simples ato heroico, mas tem a ver com a própria vivência e aperfeiçoamento do amor na vida do homem.
Uma coisa deve ser dita antes de tudo. Os homens, em geral, nem sempre são bem sucedidos em amar as mulheres como elas devem ser amadas. Há várias causas que poderíamos acenar aqui para tentar entender o porque dessa “falha” masculina. Mas duas são as causas principais, diria eu, que geralmente atrapalham ou mesmo impedem o homem de amar uma mulher à altura de sua dignidade. A primeira delas está diretamente ligada ao pecado original que faz com que o homem tente sempre dominar a mulher ou mesmo transformá-la em objeto de sua luxúria. Ou seja, a dificuldade de ver a mulher como uma maravilha da criação divina e, dessa forma, ver nela o amor divino inscrito pelo Criador. A segunda causa consiste na dificuldade de fazer sacrifícios pela mulher. Ou seja, a dificuldade de usar a sua força interior para servi-la da melhor maneira possível e, dessa forma, evitar que se caia na tentação de torná-la um mero objeto de satisfações pessoais.
Por isso, Cristo, a respeito dessa questão, vai muito mais além e afirma: “Eu, porém, vos digo, que todo aquele que olha para uma mulher com luxúria comete adultério em seu coração” (Mt 5,27-28). Para muitos de nós talvez, essa ideia de Cristo de querer purificar cada recanto escondido na nossa mente ou imaginação pode parecer algo impossível de realizar. Ainda mais se considerarmos o mundo em que vivemos hoje, o modo que a sexualidade é apresentada massivamente na mídia e até mesmo o modo liberal que a sociedade a concebe, alguém poderia questionar o próprio Cristo e perguntar se Ele entende exatamente o que pede de nós. Eu diria que Ele sabe exatamente o que pede de cada um de nós. Tenho a certeza que Ele nunca nos pediria para vivermos de uma determinada maneira sem nos dar a graça necessária para cumprir tal exigência.
Sobre isso também, o Papa João Paulo II diz que “Cristo entrega a dignidade de cada mulher como sendo uma tarefa de cada homem”. Fica claro, então, que é responsabilidade e tarefa do homem dar a dignidade devida a mulher. E assim nos narra a Escritura quando descreve a fascinação e o maravilhamento expressos pelo primeiro homem (Adão) diante da primeira mulher (Eva) (cf. Gn 2,23). Essa fascinação ocorre porque naquele momento Adão não vê sua companheira como uma ‘coisa’ a ser usada e conquistada para mera gratificação de seus desejos. Mas ele a vê como um grande dom de Deus. Ele vê nela um convite para amá-la verdadeiramente de tal modo que torne visível o amor de Deus naquele amor entre os dois.
Talvez o problema que enfrentamos hoje em dia seja o fato de que nós homens, em sua grande maioria, não saibamos mais perceber o dom do amor de Deus inscrito nas mulheres. É preciso então, mais do que nunca, reaprendermos a olhar para as mesmas como Deus as criou para ser. Nesse ponto o livro do Cântico dos Cânticos nos ajuda a entender melhor esse ‘olhar’ quando o autor retrata o modo pelo qual o homem se refere à mulher usando a expressão “minha irmã, minha amada” (cf. Ct 4,9). A razão pela qual o homem se refere à mulher dessa maneira é porque ele vê a sua amada como uma de suas irmãs em humanidade. Se trouxermos isso para o nosso cotidiano facilmente entendemos que irmãos (homens) sempre querem o melhor para suas irmãs. Em outras palavras, irmãos não vêem suas irmãs como objetos de posse ou uso.
Portanto, se os homens querem aprender a amar as mulheres verdadeiramente, precisam ver nas mulheres essa humanidade infundida por Deus que as determina primeiramente como irmãs em humanidade e dignidade. Mas querer é apenas uma decisão. E isso é apenas o primeiro passo. É preciso ainda uma total transformação do coração. E isso é um processo. E é somente morrendo para si mesmo é que se consegue isso. É morrendo para si mesmo é que se torna um homem de verdade.
Já falamos em outro artigo que Jesus Cristo é o verdadeiro modelo de masculinidade. Ele é o homem que mais viveu o ‘ser homem’ neste mundo, e isso ele o fez morrendo para si mesmo a fim de dar vida e dignidade à sua esposa, a Igreja. Ele é quem nos revela a perfeição do amor. É através dele que cada homem pode chegar a viver essa perfeição do amor através do uso da força interior que leva cada homem a sacrificar-se e servir. Portanto, é amando as mulheres dessa maneira é que os homens tornam o amor de Deus visível. Um amor que não é abstrato, mas que é um grande desafio para todo homem. Um amor que um dia Deus ensinou a todos os homens através do serviço e sacrifício do seu próprio Filho.
Pe. Idamor da Mota Júnior