sábado, 30 de março de 2013

Um Mistério a Ser Revelado


       No artigo anterior falávamos sobre uma característica que é própria da masculinidade: a força física que é sinal da força interior de doar-se por alguém ou alguma causa. Agora vamos nos aventurar a adentrar no universo da feminilidade. E o ponto a ser explorado inicialmente diz respeito ao mistério que envolve o ‘ser mulher’.
Hoje em dia, a palavra ‘mistério’ é frequentemente mal interpretada como se fosse algo que não conseguimos explicar ou que não faz sentido algum para a razão humana. Mas pelo contrário, a palavra ‘mistério’ significa que podemos sim conhecer algo sobre o objeto envolto no mesmo, o que não implica que conheceremos tudo sobre ele. Porque se soubermos tudo sobre o ‘mistério’, ele deixa de ser ‘mistério’. Um mistério pode então ser definido como algo parcialmente escondido por causa de sua grande profundidade e grandiosidade. Essa definição de mistério é plenamente aplicada para Deus. Deus está velado aos nossos sentidos, mas não completamente. Ele se revela a nós constantemente e nós O conhecemos graças a essa revelação, mas não conseguimos esgotar esse conhecimento Dele por causa de Sua grandiosidade.
Dito isto, podemos afirmar que essa definição de mistério pode ser também aplicada às mulheres. A mulher, pela sua própria natureza, possui um mistério. Essa qualidade da mulher não é somente revelada através de sua personalidade feminina, mas também é algo que está estampado em seu próprio corpo. Pensemos na anatomia feminina. O fato de ter seus órgãos reprodutores escondidos dentro do seu próprio corpo já se refere a algo profundo e misterioso, algo que é pessoal e íntimo. Assim, o corpo da mulher revela verdades profundas sobre quem ela é enquanto pessoa.
Passemos a outra analogia. Se tomarmos a Bíblia como referência percebemos que a presença do sagrado está sempre envolta em mistério. No Antigo Testamento, por exemplo, encontramos a   Arca da Aliança. Dentro dela estavam guardadas as Tábuas da Lei onde estavam inscritos os Dez Mandamentos. Estes eram os objetos mais sagrados para o Povo de Israel guardados num Santuário especialmente construído para isso (o Santo dos Santos). Eram tão sagrados e misteriosos que ninguém ousava tocá-los ou mesmo vê-los, exceto os Sumo Sacerdotes que eram destinados a entrar nesse lugar sagrado uma vez ao ano. Isso nos mostra que o propósito de Deus velar a si mesmo não é o de esconder-se dos homens, mas sim de revelar Sua santidade e sacralidade.
Podemos também aplicar esse princípio à mulher, uma vez que ela é criada à imagem e semelhança de Deus, ela carrega também dentro de si esse mistério do sagrado. Contrário a todos os conceitos de moda correntes na sociedade de hoje, quando uma mulher decide cobrir seu corpo com roupas modestas e adequadas, ela o faz não porque está escondendo seu corpo dos homens. Pelo contrário, ela está mostrando aos homens a sua dignidade. Dignidade esta que, infelizmente, muitas mulheres e jovens de hoje perderam completamente o sentido. Da mesma maneira que Deus velava sua glória diante dos israelitas para revelar sua sacralidade, a mulher também deve revelar ao mundo, através de seu comportamento e de suas vestimentas, que ela é sagrada.
No livro dos Cânticos dos Cânticos encontramos uma expressão que aponta para essa dimensão feminina: “Jardim fechado és tu, minha irmã, esposa minha, manancial fechado, fonte selada” (Ct 4,12). Aqui, o corpo feminino é chamado de ‘jardim fechado’. Esta expressão, segundo os estudiosos, significa que o jardim permanece fechado para manter à distância aqueles que não têm o direito de estar presentes nele. “Fonte selada” também, no contexto antigo, significava manter lacradas as entradas dos poços, a fim de garantir uma água pura, sem contaminações.
Todas essas metáforas não querem dizer que o corpo e alma feminina são inacessíveis. Pelo contrário, elas mostram que o mistério feminino está aberto somente para aquele que é digno de entrar no mesmo. Portanto, todo aquele que quiser aproximar-se desse mistério feminino, sob a ótica do amor infundido pelo Criador, deve aproximar-se com ‘temor e tremor’, pois trata-se de um lugar sagrado. Os homens, de maneira especial os maridos, deveriam lembrar-se que é preciso a permissão de Deus para que eles possam adentrar nesse terreno sagrado. Para nossa interpretação cristã, essa permissão chama-se ‘Matrimônio’, onde o casal recebe as bênçãos de Deus para tornarem-se ‘uma só carne’. E uma vez obtida essa permissão, que os maridos se aproximem do mistério feminino sempre com reverência e gratidão. Pois trata-se de um mistério de amor que expressa não só a comunhão dos esposos entre si, mas a comunhão deles com o Criador.


Pe. Idamor da Mota Jr

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